sexta-feira, 1 de junho de 2012

Se eu fosse tua prostituta




Afagarias meu corpo vendido
ao teu comprar e meus encantos
seriam desencantos após tua partida.

Seria tua coisa, tua coisinha fofa,

tua coisa deleite, tua coisa enfeite
- vendida - mas não seria tua...


Serias meu dono, meu lambedor de prazeres,
meu boneco empalhado, meu posso-tudo,
- pagador - mas não serias meu...


Em minha boca não haveria marca de beijo,
nem haveria saudade a escorrer dos olhos.
Nem carinho ou prazer. Nem segredos.


Receberia teu dízimo e pagaria
minhas contas do mês... compraria roupas
e perfumes, para o próximo encontro...


Jamais seria tua, nem jamais serias meu.
O verde do meu olhar, sem dor,
seria ignorado ou pensado multicor...


Vendida. Ferida.
Desconhecida. Coxas molhadas.
Boca melada de virtude, língua cansada.


Comprador. Dividido(?)
Enganado(?) Sexo sujo de baton.
Boca seca de saudade, língua enojada.


Sem esperança ou promessa,
não serias a perdição que me és agora...
quando choro por ti, sem que saibas de mim.


Se eu fosse tua prostituta...

Sílvia Mota

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